Nota	Tecnologia	Conclusão	Status
351849	Produto - Canabidiol 50mg/ml, frasco de 30ml - dose diária de 1ml, 3 vezes ao dia. Uso contínuo, por tempo indeterminado	Não favorável	Finalizada em 22/05/2025 13:27:36	Ver Nota

Paciente

Idade

Sexo *

Masculino

Feminino

Cidade *

Dados do Advogado do Autor

Nome do Advogado

Número OAB

Autor está representado por

Dados do Processo

Esfera/Órgão *

Vara/Serventia *

NT 351849

Esta tecnologia já foi finalizada e não pode mais ser editada

Diagnóstico Principal

CID *

Diagnóstico *

Meio(s) confirmatório(s) do diagnóstico já realizado(s) *

laudo médico

Descrição da Tecnologia

Tipo da Tecnologia *

Registro na ANVISA? *

Situação do registro *

Nome comercial

Princípio Ativo *

Descrição *

Via de administração *

Posologia *

Uso contínuo?

Duração do tratamento

Unidade

Indicação em conformidade com a aprovada no registro? *

Previsto em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Min. da Saúde para a situação clínica do demandante? *

O produto está inserido no SUS? *

O produto está incluído em *

Oncológico? *

Outras Tecnologias Disponíveis

Tecnologia

Descrever as opções disponíveis no SUS e/ou Saúde Suplementar *

<p style="text-align: justify;">para tratamento de epilepsia, h&aacute; m&uacute;ltiplos f&aacute;rmacos dispon&iacute;veis pelo SUS (por exemplo, ácido valproico/valproato de sódio, carbamazepina, clobazam, etossuximida, fenitoína, fenobarbital, gabapentina, lamotrigina, topiramato e vigabatrina), bem como cirurgia da epilepsia (4) e orienta&ccedil;&otilde;es diet&eacute;ticas para o manejo de DC.</p>

Existe Genérico? *

Existe Similar? *

Descrever as opções disponíveis de Genérico ou Similar *

Custo da Tecnologia

Tecnologia

Laboratório

Marca Comercial

Apresentação

Preço de Fábrica

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da Tecnologia - Tratamento Mensal

Tecnologia

Dose Diária Recomendada

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da tecnologia

Fonte do custo da tecnologia

Evidências e resultados esperados

Tecnologia

Evidências sobre a eficácia e segurança da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">O canabidiol (CBD) é um dos canabinoides mais abundantes presentes nas plantas do gênero Cannabis. Atua como antagonista dos receptores CB1 e CB2 e inibidor da recaptação e metabolismo da anandamida (6). Nos últimos anos, estudos in vitro e in vivo sugeriram efeito antiepiléptico do CBD, por mecanismos de ação ainda não bem esclarecidos, possivelmente não relacionados com a interação com receptores canabinoides.</p>

<p style="text-align: justify;">Uma revis&atilde;o sistem&aacute;tica (RS) foi conduzida com o objetivo de estimar a efic&aacute;cia e a seguran&ccedil;a do CBD como tratamento adjuvante de pacientes com epilepsia por meio de busca nas bases de dados MEDLINE/PubMed, Cochrane Central Register of Controlled Trials e US National Institutes of Health Clinical Trials Registry (7). Foram selecionados ensaios cl&iacute;nicos randomizados (ECRs), duplo ou uni-cegos, controlados por placebo, com o CBD (ou o placebo) como droga de adi&ccedil;&atilde;o a um esquema de f&aacute;rmacos antiepil&eacute;pticos j&aacute; em uso. O desfecho prim&aacute;rio foi a redu&ccedil;&atilde;o percentual e a propor&ccedil;&atilde;o de pacientes com 50% ou mais de redu&ccedil;&atilde;o da frequ&ecirc;ncia mensal de qualquer tipo de crise. De um total de 164 estudos, apenas tr&ecirc;s apresentaram os crit&eacute;rios de inclus&atilde;o e foram utilizados para a an&aacute;lise de efic&aacute;cia e de seguran&ccedil;a. A interven&ccedil;&atilde;o em todos esses estudos foi com uma formula&ccedil;&atilde;o farmac&ecirc;utica espec&iacute;fica (Epidiolex&reg;, GW Pharmaceuticals) e todos os estudos apresentavam como crit&eacute;rios de inclus&atilde;o ter o diagn&oacute;stico de s&iacute;ndrome de Dravet ou de Lennox-Gastaut. Para essas condi&ccedil;&otilde;es, o uso da formula&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica com CBD resultou em melhora do controle das crises: 37,2% apresentaram melhora de pelo menos 50% na frequ&ecirc;ncia mensal de crises com o uso da interven&ccedil;&atilde;o, contra 21,2% no grupo placebo (raz&atilde;o de risco 1,76, intervalo de confian&ccedil;a de 95% entre 1,07 a 2,88 e P=0,025). Estudos mais recentes ratificam tais achados (8,9). Ou seja, refor&ccedil;am a efic&aacute;cia e a seguran&ccedil;a do CBD em diversas s&iacute;ndromes, com destaque &agrave; s&iacute;ndrome de Dravet ou de Lennox-Gastaut (8,9).</p>

<p style="text-align: justify;">Publicada em 2023, RS e metan&aacute;lise investigou a manuten&ccedil;&atilde;o da efic&aacute;cia e da seguran&ccedil;a do CBD no tratamento de epilepsia resistente a outros tratamentos em longo prazo (10).&nbsp; O desfecho prim&aacute;rio foi a redu&ccedil;&atilde;o percentual e a propor&ccedil;&atilde;o de pacientes com 50% ou mais de redu&ccedil;&atilde;o da frequ&ecirc;ncia mensal de qualquer tipo de crise. Foram inclu&iacute;dos cinquenta estudos, totalizando 4.791 participantes. Dentre eles, apenas cinco estudos eram ECRs. Constatou-se que, depois de 48 semanas de tratamento, a efic&aacute;cia do tratamento com CBD adjunto aos demais anticonvulsivantes sofre discreta redu&ccedil;&atilde;o e, em paralelo, tem-se aumento da frequ&ecirc;ncia de eventos adversos.</p>

<p style="text-align: justify;">Estudo observacional (de qualidade metodol&oacute;gica inferior aos inclu&iacute;dos na revis&atilde;o descrita anteriormente) acompanhou 607 crian&ccedil;as e adultos com diagn&oacute;stico de epilepsia resistente ao tratamento (11). A dose m&eacute;dia de CBD utilizada foi de 25 mg/kg/d. Ap&oacute;s 96 semanas de seguimento, 24% dos participantes interrompeu o tratamento, predominantemente por aus&ecirc;ncia de efic&aacute;cia (15%) e por eventos adversos (5%). Cerca de metade dos participantes apresentou redu&ccedil;&atilde;o de, pelo menos, metade das crises epil&eacute;pticas ao longo do tempo. Em contrapartida, 88% dos participantes experimentaram algum evento adverso associado ao tratamento, como diarreia (29%), sonol&ecirc;ncia (22%) e convuls&atilde;o (17%). Dentre eles, 33% apresentou evento adverso grave, como convuls&atilde;o (9%), estado de mal epil&eacute;ptico (7%), pneumonia (5%) e v&ocirc;mitos (3%).</p>

<table>
	<tbody>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Item</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Descri&ccedil;&atilde;o</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Quantidade</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Valor unit&aacute;rio</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Valor Anual</p>
			</td>
		</tr>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: center;">CANABIDIOL</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">Canabidiol&nbsp;</p>

			<p style="text-align: center;">50 mg/ml em frascos de 30ml</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">37</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">R$ 628,77</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: center;">R$ 23.264,49</p>
			</td>
		</tr>
	</tbody>
</table>

<p style="text-align: justify;">* Or&ccedil;amento de menor valor datado de 4 de julho de 2024 (Evento 1 OUT11).<br />
&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">O produto pleiteado &eacute; registrado na ANVISA sob a categoria &ldquo;Produto de cannabis&rdquo;, n&atilde;o estando sujeito &agrave; regula&ccedil;&atilde;o de pre&ccedil;os, conforme Lei n&ordm; 10.742/2003. Não existe, portanto, base oficial de valor que seja possível estimar o custo. Por esse motivo, utilizou-se para a elabora&ccedil;&atilde;o da tabela acima, o or&ccedil;amento de menor valor, juntado aos autos, e os dados da prescri&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica mais atualizada (Evento 72 LAUDO2).</p>

<p style="text-align: justify;">A CONITEC apreciou an&aacute;lise de custo-efetividade considerando uma coorte hipot&eacute;tica de crian&ccedil;as e adolescentes com s&iacute;ndrome de Lennox-Gastaut ou s&iacute;ndrome de Dravet com epilepsia refrat&aacute;ria (5). Estimou-se que o uso de CBD como terapia adjuvante resulta em RCEI por crise evitada e QALY ganho de, respectivamente, R$ 1,6 mil e R$ 3,6 milh&otilde;es. Pontuou-se em relat&oacute;rio que os valores seriam ainda maiores, se considerado que &quot;o benef&iacute;cio cl&iacute;nico n&atilde;o &eacute; confirmado tanto para crises evitadas, quanto para QALY ganho&quot;.&nbsp;</p>

<p>&nbsp;</p>

Benefício/efeito/resultado esperado da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">espera-se, com base predominantemente em estudos observacionais, redu&ccedil;&atilde;o frequ&ecirc;ncia mensal de crises, pelo menos, nas primeiras 48 semanas de tratamento.</p>

Recomendações da CONITEC para a situação clínica do demandante *

Conclusão

Tecnologia

Conclusão Justificada *

Conclusão *

<p style="text-align: justify;">Existe evid&ecirc;ncia de benef&iacute;cio da associa&ccedil;&atilde;o do canabidiol ao esquema terap&ecirc;utico em uso para o controle de crises epil&eacute;pticas refrat&aacute;rias em duas situa&ccedil;&otilde;es cl&iacute;nicas espec&iacute;ficas: s&iacute;ndrome de Lennox-Gastaut e s&iacute;ndrome de Dravet. De acordo com os laudos m&eacute;dicos e demais documentos juntados ao processo, a parte autora n&atilde;o apresenta nenhuma das duas condi&ccedil;&otilde;es (s&iacute;ndrome de Lennox-Gastaut e s&iacute;ndrome de Dravet). Mesmo nessas condi&ccedil;&otilde;es, a CONITEC foi desfavor&aacute;vel &agrave; incorpora&ccedil;&atilde;o do produto pleiteado ao SUS por considerar que as evid&ecirc;ncias dispon&iacute;veis inclu&iacute;ram poucos pacientes, apresentando benef&iacute;cio cl&iacute;nico question&aacute;vel com aumento importante de eventos adversos e descontinua&ccedil;&atilde;o do tratamento.&nbsp;&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">Ainda que n&atilde;o fosse suficiente essa aus&ecirc;ncia de conhecimento sobre a efic&aacute;cia, a seguran&ccedil;a, especialmente em longo prazo, n&atilde;o foi comprovada para a condi&ccedil;&atilde;o em tela. Essa quest&atilde;o &eacute; importante uma vez que h&aacute; evid&ecirc;ncia sobre o impacto negativo em longo prazo do consumo de derivados da Cannabis no sistema nervoso.</p>

<p>&nbsp;</p>

Há evidências científicas? *

Considera-se urgência as situações de ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita da assistência médica imediata (Resolução CFM 1451/95)

Justifica-se a alegação de urgência, conforme definição de Urgência e Emergência do CFM? *

Justificativa *

Referências bibliográficas *

<ol>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Rozenberg R, Pereira L da V. The frequency of Tay-Sachs disease causing mutations in the Brazilian Jewish population justifies a carrier screening program. Sao Paulo Med J. 2001;119(4):146-149. doi:10.1590/S1516-31802001000400007</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Roman AS. Preconception and prenatal carrier screening for genetic disorders more common in people of Ashkenazi Jewish descent and others with a family history of these disorders. UpToDate. 2024. Available in: <a href="https://www.uptodate.com/contents/preconception-and-prenatal-carrier-screening-for-genetic-disorders-more-common-in-people-of-ashkenazi-jewish-descent-and-others-with-a-family-history-of-these-disorders?search=Tay-Sachs&amp;sectionRank=1&amp;usage_type=default&amp;anchor=H43&amp;source=machineLearning&amp;selectedTitle=3%7E31&amp;display_rank=3#H43">https://www.uptodate.com/contents/preconception-and-prenatal-carrier-screening-for-genetic-disorders-more-common-in-people-of-ashkenazi-jewish-descent-and-others-with-a-family-history-of-these-disorders?search=Tay-Sachs&amp;sectionRank=1&amp;usage_type=default&amp;anchor=H43&amp;source=machineLearning&amp;selectedTitle=3%7E31&amp;display_rank=3#H43</a>&nbsp;</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Lui F, Ramani PK, Parayil Sankaran B. Tay-Sachs Disease. [Updated 2024 Oct 6]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025 Jan-. Available from: <a href="https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK564432/">https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK564432/</a>&nbsp;</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Brasil. Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Protocolo Cl&iacute;nico e Diretrizes Terap&ecirc;uticas da Epilepsia. 2018. Dispon&iacute;vel em: <a href="https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/pcdt_epilepisia_2019.pdf">https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/pcdt_epilepisia_2019.pdf</a>&nbsp;</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Comiss&atilde;o Nacional de Incorpora&ccedil;&atilde;o de Tecnologias no SUS (CONITEC). Canabidiol 200 mg/mL para tratamento de crian&ccedil;as e adolescentes com epilepsia refrat&aacute;ria a medicamentos antiepil&eacute;pticos: relat&oacute;rio parcial. 2021. Dispon&iacute;vel em: <a href="http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/Sociedade/20210222_ReSoc26_CBD_epilepsia.pdf">http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/Sociedade/20210222_ReSoc26_CBD_epilepsia.pdf</a>&nbsp;</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Pisanti S, Malfitano AM, Ciaglia E, Lamberti A, Ranieri R, Cuomo G, et al. Cannabidiol: State of the art and new challenges for therapeutic applications. Pharmacol Ther. 2017;175:133&ndash;50.</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Lattanzi S, Brigo F, Trinka E, Zaccara G, Cagnetti C, Del Giovane C, et al. Efficacy and safety of cannabidiol in epilepsy: a systematic review and meta-analysis. Drugs. 2018;78(17):1791&ndash;804.</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">da Silva Rodrigues D, Soares ASB, &amp; Bueno CDF. The use of cannabinoids in children with epilepsy: A systematic review. Epilepsy &amp; Behavior 2023;145,109330.</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Chico SFV, Diaz DAM, &amp; Contreras-Puentes N. Use of cannabidiol in the treatment of drug-refractory epilepsy in children and young adults: A systematic review. Journal of Neurosciences in Rural Practice 2024;15(2), 203.</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Liu S, He Z, &amp; Li J. Long-term efficacy and adverse effects of cannabidiol in adjuvant treatment of drug-resistant epilepsy: a systematic review and meta-analysis. Therapeutic Advances in Neurological Disorders. 2023;16, 17562864231207755. doi:10.1177/17562864231207755&nbsp;</p>
	</li>
	<li>
	<p style="text-align: justify;">Szaflarski JP, Bebin EM, Comi AM, Patel AD, Joshi C, Checketts D, et al. Long‐term safety and treatment effects of cannabidiol in children and adults with treatment‐resistant epilepsies: Expanded access program results. Epilepsia. 2018;59(8):1540&ndash;8.</p>
	</li>
</ol>

NatJus Responsável *

Instituição Responsável *

Nota técnica elaborada com apoio de tutoria? *

Outras Informações *

<p style="text-align: justify;">Segundo laudos m&eacute;dicos (Evento 1 LAUDO7, LAUDO8; Evento 33 LAUDO1; Evento 72 LAUDO2; Evento 78 LAUDO2, EXMMED8), a parte autora apresenta doen&ccedil;a de Tay-Sachs, na forma infantil aguda, detectada pela presen&ccedil;a das variantes c.1510C&gt;T:p.(Arg504Cys) e c.805+1G&gt;C no gene HEXA em teste gen&eacute;tico (Evento 52 EXMMED2) e respectivos n&iacute;veis enzim&aacute;ticos em exame laboratorial (Evento 52 EXMMED3), acompanhada de epilepsia de dif&iacute;cil controle. Nasceu de parto ces&aacute;reo, com desenvolvimento dentro do esperado at&eacute; o sexto m&ecirc;s de vida e posterior evolu&ccedil;&atilde;o para hipotonia muscular. Ao realizar reabilita&ccedil;&atilde;o fisioterap&ecirc;utica apresentou melhora inicial, seguido de perda das habilidades motoras adquiridas, redu&ccedil;&atilde;o na movimenta&ccedil;&atilde;o espont&acirc;nea e na fixa&ccedil;&atilde;o do olhar e regress&atilde;o da fala, sendo encaminhado para investiga&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica aos 11 meses. A parte apresenta disfagia grave sem possibilidade de degluti&ccedil;&atilde;o, mantendo uso de gastrostomia para alimenta&ccedil;&atilde;o enteral. Fez uso de dieta industrializada padr&atilde;o por per&iacute;odo n&atilde;o especificado, sendo suspenso no final de 2023 por &ldquo;piora das crises&rdquo;. Outras manifesta&ccedil;&otilde;es presentes s&atilde;o sialorreia, hemangioma occipital, hipotonia global (axial e apendicular) e altera&ccedil;&atilde;o no padr&atilde;o de sono. Possui hist&oacute;rico de crise epil&eacute;ptica focal disperceptiva e, a partir dos 12 meses, passou a apresentar crises t&ocirc;nico-cl&ocirc;nicas generalizadas com dessatura&ccedil;&atilde;o e necessidade de suporte de oxig&ecirc;nio (O2), que j&aacute; culminaram em interna&ccedil;&atilde;o hospitalar. Nos &uacute;ltimos meses, alterna crises t&ocirc;nicas com mioclonias, crises de aus&ecirc;ncia at&iacute;picas e crises generalizadas. As tentativas de tratamento farmacol&oacute;gico com &aacute;cido valpr&oacute;ico (25mg/kg/dia) e lamotrigina foram suspensas devido &agrave; altera&ccedil;&atilde;o em fun&ccedil;&atilde;o hep&aacute;tica e rea&ccedil;&atilde;o al&eacute;rgica, respectivamente. Ap&oacute;s a introdu&ccedil;&atilde;o de dieta cetog&ecirc;nica (em junho de 2024) ao esquema terap&ecirc;utico da &eacute;poca (n&atilde;o especificado), foi observada melhora no quadro de epilepsia. Atualmente, a parte encontra-se em tratamento com fenobarbital (8,3mg/kg/dia) associado &agrave; levetiracetam (75mg/kg/dia), clobazam (1,25 mg/kg/dia) e canabidiol (14mg/kg/dia). Nesse contexto &eacute; pleiteado canabidiol.&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">A doen&ccedil;a de Tay-Sachs (TSD) &eacute; uma doen&ccedil;a rara, autoss&ocirc;mica recessiva, ocasionada por muta&ccedil;&otilde;es no gene HEXA, levando &agrave; defici&ecirc;ncia da forma funcional da enzima hexosaminidase A (Hex A). Consequentemente, ocorre o armazenamento excessivo de ganglios&iacute;deo Gm2, um glicolip&iacute;dio da membrana celular, nos lisossomos dos neur&ocirc;nios do c&oacute;rtex nervoso central. Essa disfun&ccedil;&atilde;o acarreta degenera&ccedil;&atilde;o neurol&oacute;gica progressiva. A TSD &eacute; mais frequente em pessoas de ascend&ecirc;ncia judaica Ashkenazi, chegando a incid&ecirc;ncia de 1/3.600, comparado com 1/360.000 observado em outras popula&ccedil;&otilde;es (1,2).&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">A forma cl&aacute;ssica da TSD manifesta-se nos primeiros meses ap&oacute;s o nascimento e leva &agrave; expectativa de vida entre 2 a 5 anos. O curso da doen&ccedil;a &eacute; caracterizado por fraqueza e hipotonia progressiva, disfagia, defici&ecirc;ncia auditiva grave, mancha macular vermelho-cereja, cegueira, dem&ecirc;ncia, discinesia, dist&uacute;rbios do sono e convuls&otilde;es recorrentes (1-3). Complica&ccedil;&otilde;es cardiovasculares s&atilde;o consideradas incomuns, enquanto as complica&ccedil;&otilde;es respirat&oacute;rias s&atilde;o frequentes e descritas como a principal causa de &oacute;bito (3). O diagn&oacute;stico envolve os exames de sequenciamento de DNA e an&aacute;lise enzim&aacute;tica da atividade das enzimas Hex A e hexosaminidase B (Hex B).</p>

<p style="text-align: justify;">Atualmente, n&atilde;o h&aacute; terapia curativa para a TSD. O tratamento visa fornecer medidas de suporte multidisciplinar &agrave;s manifesta&ccedil;&otilde;es e complica&ccedil;&otilde;es da doen&ccedil;a, como nutri&ccedil;&atilde;o adequada, controle de convuls&otilde;es e infec&ccedil;&otilde;es, fisioterapia e terapia ocupacional. O controle das crises epil&eacute;pticas &eacute; considerado desafiador, devido ao car&aacute;ter progressivo e sem padr&atilde;o predominante, exigindo o uso associado de diversos f&aacute;rmacos antiepil&eacute;pticos, assim como mudan&ccedil;as frequentes nas doses e no f&aacute;rmaco. N&atilde;o h&aacute; recomenda&ccedil;&atilde;o de tratamento diet&eacute;tico espec&iacute;fico para TSD, incluindo a restri&ccedil;&atilde;o ou a adi&ccedil;&atilde;o de nutriente espec&iacute;fico (1-3). No entanto, a dieta cetog&ecirc;nica (DC) &eacute; uma terapia recomendada no manejo da epilepsia refrat&aacute;ria (4).</p>

<p style="text-align: justify;">A epilepsia caracteriza-se por uma predisposi&ccedil;&atilde;o permanente do c&eacute;rebro em originar crises epil&eacute;pticas. Essas crises consistem na ocorr&ecirc;ncia transit&oacute;ria de sinais e sintomas decorrentes de atividade neuronal anormal excessiva e sincrônica, podendo ser classificadas em focais e em generalizadas (4). O objetivo do tratamento da epilepsia &eacute; reduzir o n&uacute;mero de crises epil&eacute;pticas, evitar os eventos adversos relacionados ao tratamento e manter ou restaurar a qualidade de vida (4,8,9). Os f&aacute;rmacos carbamazepina, fenitoína e ácido valproico s&atilde;o considerados a primeira linha de tratamento (1). Constatada inefic&aacute;cia de um destes, ap&oacute;s pelo menos tr&ecirc;s meses de uso em dose m&aacute;xima tolerada, sugere-se a substitui&ccedil;&atilde;o gradual por outro medicamento de primeira linha. Em caso de falha na segunda tentativa de monoterapia, pode-se tentar a combinação de dois fármacos antiepilépticos. Os tratamentos n&atilde;o-farmacol&oacute;gicos reservados a casos refrat&aacute;rios a medicamentos s&atilde;o: DC, cirurgia da epilepsia e estimulação do nervo vago. Para algumas doen&ccedil;as gen&eacute;ticas a DC &eacute; recomendada como primeira linha de tratamento (4).&nbsp;</p>

Anexos

Nota Técnica 351849

PDF Nota Técnica