Nota	Tecnologia	Conclusão	Status
367133	Medicamento - SATRALIZUMABE	Não favorável	Finalizada em 25/06/2025 10:48:51	Ver Nota

Paciente

Idade

Sexo *

Masculino

Feminino

Cidade *

Dados do Advogado do Autor

Nome do Advogado

Número OAB

Autor está representado por

Dados do Processo

Esfera/Órgão *

Vara/Serventia *

NT 367133

Esta tecnologia já foi finalizada e não pode mais ser editada

Diagnóstico Principal

CID *

Diagnóstico *

Meio(s) confirmatório(s) do diagnóstico já realizado(s) *

laudo médico.

Descrição da Tecnologia

Tipo da Tecnologia *

Registro na ANVISA? *

Situação do registro *

Nome comercial

Princípio Ativo *

Descrição *

Via de administração *

Posologia *

satralizumabe 120mg, realizar 1 ampola, subcutânea, a cada 2 semanas nas três primeiras administrações (dias 0, 14 e 28). Após o primeiro mês de uso, manter 1 ampola, subcutânea, 1 vez por mês, todos os meses, 14 ampolas no primeiro ano.

Uso contínuo?

Duração do tratamento

Unidade

Indicação em conformidade com a aprovada no registro? *

Previsto em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Min. da Saúde para a situação clínica do demandante? *

O medicamento está inserido no SUS? *

O medicamento está incluído em *

Oncológico? *

Outras Tecnologias Disponíveis

Tecnologia

Descrever as opções disponíveis no SUS e/ou Saúde Suplementar *

<p style="text-align: justify;">&nbsp;corticoterapia sist&ecirc;mica e azatioprina.</p>

Existe Genérico? *

Existe Similar? *

Descrever as opções disponíveis de Genérico ou Similar *

Custo da Tecnologia

Tecnologia

Laboratório

Marca Comercial

Apresentação

Preço de Fábrica

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da Tecnologia - Tratamento Mensal

Tecnologia

Dose Diária Recomendada

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da tecnologia

Fonte do custo da tecnologia

Evidências e resultados esperados

Tecnologia

Evidências sobre a eficácia e segurança da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">O satralizumabe &eacute; um anticorpo monoclonal humanizado que atua como inibidor do receptor da interleucina-6 (IL-6R). Ao se ligar a esse receptor, bloqueia a sinaliza&ccedil;&atilde;o da IL-6, uma citocina inflamat&oacute;ria envolvida na fisiopatologia da neuromielite &oacute;ptica, especialmente na ativa&ccedil;&atilde;o de linf&oacute;citos B e na produ&ccedil;&atilde;o do anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG). Esse bloqueio reduz a inflama&ccedil;&atilde;o do sistema nervoso central e ajuda a prevenir os surtos caracter&iacute;sticos da doen&ccedil;a (9).</p>

<p style="text-align: justify;">O estudo SAkuraSky (9) foi um ensaio cl&iacute;nico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que avaliou a efic&aacute;cia do satralizumabe como terapia adjuvante em pacientes com dist&uacute;rbio do espectro da neuromielite &oacute;ptica (DENMO), soropositivos ou soronegativos para o anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG), que j&aacute; faziam uso concomitante de imunossupressores. O estudo incluiu 83 pacientes, sendo 41 alocados para o grupo satralizumabe e 42 para o grupo placebo. O desfecho prim&aacute;rio foi o tempo at&eacute; o primeiro surto. Entre os participantes soropositivos para AQP4-IgG, o risco de surto foi significativamente reduzido em 79% no grupo satralizumabe em compara&ccedil;&atilde;o ao placebo (hazard ratio [HR] 0,21; intervalo de confian&ccedil;a de 95% [IC95%]: 0,06&ndash;0,75; p = 0,0086). Ap&oacute;s 144 semanas, 85% dos pacientes tratados com satralizumabe permaneceram livres de surtos, em compara&ccedil;&atilde;o com 62% no grupo placebo.</p>

<p style="text-align: justify;">O estudo SAkuraStar (10) foi um ensaio cl&iacute;nico randomizado, duplo-cego, multic&ecirc;ntrico, que investigou o uso de satralizumabe em monoterapia para pacientes com dist&uacute;rbio do espectro da neuromielite &oacute;ptica (DENMO), tamb&eacute;m soropositivos ou soronegativos para o anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG). O estudo incluiu 95 pacientes, sendo 63 alocados para o grupo satralizumabe e 32 para o grupo placebo. O desfecho prim&aacute;rio foi o tempo at&eacute; o primeiro surto. Entre os pacientes AQP4-IgG positivos, o satralizumabe reduziu o risco de surtos em 74% em compara&ccedil;&atilde;o ao placebo (hazard ratio [HR] 0,26; intervalo de confian&ccedil;a de 95% [IC95%]: 0,11&ndash;0,63; p = 0,0014). Ap&oacute;s 48 semanas, 83% dos pacientes no grupo satralizumabe&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">estavam livres de surtos, em compara&ccedil;&atilde;o com 55% no grupo placebo; essa taxa se manteve em 77% e 41%, respectivamente, ap&oacute;s 144 semanas.</p>

<p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>

<table>
	<tbody>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Item</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Descri&ccedil;&atilde;o</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Quantidade</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Valor unit&aacute;rio</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Valor Total</p>
			</td>
		</tr>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Satralizumabe</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">120 MG SOL INJ SC CT 1 SER PREENC PLAS TRANS X 1 ML</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">14</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$&nbsp; 39.830,94</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 557.633,16</p>
			</td>
		</tr>
	</tbody>
</table>

<p style="text-align: justify;">* Valor unit&aacute;rio considerado a partir de consulta de pre&ccedil;o da tabela CMED. Pre&ccedil;o m&aacute;ximo de venda ao governo (PMVG) no Rio Grande do Sul (ICMS 17%). O PMVG &eacute; o resultado da aplica&ccedil;&atilde;o do Coeficiente de Adequa&ccedil;&atilde;o de Pre&ccedil;os (CAP) sobre o Pre&ccedil;o F&aacute;brica &ndash; PF, PMVG = PF*(1-CAP). O CAP, regulamentado pela Resolu&ccedil;&atilde;o n&ordm;. 3, de 2 de mar&ccedil;o de 2011, &eacute; um desconto m&iacute;nimo obrigat&oacute;rio a ser aplicado sempre que forem realizadas vendas de medicamentos constantes do rol anexo ao Comunicado n&ordm; 15, de 31 de agosto de 2017 - Vers&atilde;o Consolidada ou para atender ordem judicial. Conforme o Comunicado CMED n&ordm; 5, de 21 de dezembro de 2020, o CAP &eacute; de 21,53%. Alguns medicamentos possuem isen&ccedil;&atilde;o de ICMS para aquisi&ccedil;&atilde;o por &oacute;rg&atilde;os da Administra&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica Direta Federal, Estadual e Municipal, conforme Conv&ecirc;nio ICMS n&ordm; 87/02, sendo aplicado o benef&iacute;cio quando cab&iacute;vel.</p>

<p style="text-align: justify;">O medicamento satralizumabe &eacute; produzido e comercializado no Brasil pelo laborat&oacute;rio Produtos Roche Qu&iacute;micos e Farmac&ecirc;uticos S.A. com o nome comercial de Enspryng&reg;. A partir da prescri&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica e em consulta &agrave; tabela CMED em maio de 2025, foi constru&iacute;da&nbsp; a tabela acima estimando os custos para o primeiro ano de tratamento.</p>

<p style="text-align: justify;">A CONITEC avaliou a incorpora&ccedil;&atilde;o do medicamento satralizumabe para tratamento de dist&uacute;rbio do espectro da neuromielite &oacute;ptica (DENMO) em pacientes soropositivos para anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG), com base em evid&ecirc;ncias cl&iacute;nicas e an&aacute;lise econ&ocirc;mica. A submiss&atilde;o incluiu uma an&aacute;lise de custo-utilidade, que estimou uma raz&atilde;o de custo-utilidade incremental (RCUI) superior a R$ 2 milh&otilde;es por ano de vida ajustado por qualidade (QALY) ganho, valor consideravelmente acima dos limiares geralmente adotados em avalia&ccedil;&otilde;es de custo-efetividade no Brasil. Apesar de os estudos cl&iacute;nicos demonstrarem efic&aacute;cia na redu&ccedil;&atilde;o do risco de surtos, a CONITEC deliberou, em reuni&atilde;o, por emitir parecer preliminar desfavor&aacute;vel &agrave; incorpora&ccedil;&atilde;o do satralizumabe no SUS, considerando o alto impacto or&ccedil;ament&aacute;rio estimado e a baixa rela&ccedil;&atilde;o de custo-efetividade frente &agrave;s alternativas terap&ecirc;uticas existentes (8).</p>

<p style="text-align: justify;">A ag&ecirc;ncia Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (CADTH) avaliou o uso do satralizumabe (Enspryng&reg;) para o tratamento de pacientes com dist&uacute;rbio do espectro da neuromielite &oacute;ptica (DENMO) soropositivos para o anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG) e recomendou seu reembolso com restri&ccedil;&otilde;es. A recomenda&ccedil;&atilde;o se aplica a pacientes com 12 anos ou mais que apresentaram pelo menos um surto nos &uacute;ltimos 12 meses, apesar do uso de terapias preventivas adequadas ou que n&atilde;o toleraram tratamentos pr&eacute;vios. No entanto, a an&aacute;lise de custo-utilidade indicou que, para ser considerado custo-efetivo, o pre&ccedil;o do medicamento precisaria ser reduzido entre 80% e 89%, uma vez que a raz&atilde;o de custo-utilidade incremental (RCUI) estimada foi de CAD$ 337.535 por QALY em monoterapia e CAD$ 752.179 por QALY em combina&ccedil;&atilde;o com imunossupressores &mdash; valores muito acima do limiar de custo-efetividade adotado no Canad&aacute; (cerca de CAD$ 50.000 por QALY). Assim, a recomenda&ccedil;&atilde;o foi condicional &agrave; negocia&ccedil;&atilde;o de pre&ccedil;o e &agrave; aplica&ccedil;&atilde;o dos crit&eacute;rios de elegibilidade cl&iacute;nica (11).</p>

<p style="text-align: justify;">Em mar&ccedil;o de 2024, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) encerrrou a avalia&ccedil;&atilde;o do satralizumabe para preven&ccedil;&atilde;o de surtos em DENMO, pois a empresa fabricante, Roche, optou por n&atilde;o submeter evid&ecirc;ncias para an&aacute;lise. A Roche indicou que, no contexto do National Health Service (sistema p&uacute;blico de sa&uacute;de do Reino Unido), n&atilde;o havia evid&ecirc;ncia suficiente de custo-efetividade para justificar a submiss&atilde;o. Com isso, o NICE n&atilde;o emitiu recomenda&ccedil;&atilde;o sobre o uso do medicamento no sistema p&uacute;blico de sa&uacute;de brit&acirc;nico (12).</p>

Benefício/efeito/resultado esperado da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">redu&ccedil;&atilde;o dos surtos e redu&ccedil;&atilde;o da progress&atilde;o da incapacidade causada pela doen&ccedil;a.</p>

Recomendações da CONITEC para a situação clínica do demandante *

Conclusão

Tecnologia

Conclusão Justificada *

Conclusão *

<p style="text-align: justify;">O satralizumabe demonstrou reduzir de forma significativa o risco de surtos em pacientes com NMO soropositivos para AQP4-IgG, contribuindo para a preven&ccedil;&atilde;o de novos epis&oacute;dios inflamat&oacute;rios e, consequentemente, para a redu&ccedil;&atilde;o da progress&atilde;o da incapacidade funcional associada &agrave; doen&ccedil;a.</p>

<p style="text-align: justify;">Por&eacute;m, o f&aacute;rmaco pleiteado apresenta um perfil de custo-efetividade desfavor&aacute;vel - ou seja, o benef&iacute;cio ganho com a sua incorpora&ccedil;&atilde;o n&atilde;o ultrapassa o benef&iacute;cio perdido pelo deslocamento de outras interven&ccedil;&otilde;es em sa&uacute;de que poderiam ser adquiridas com o mesmo investimento, perfazendo portanto mau uso dos recursos dispon&iacute;veis ao sistema. No Brasil, o &oacute;rg&atilde;o p&uacute;blico institu&iacute;do para assessorar o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de na incorpora&ccedil;&atilde;o de novas tecnologias no SUS (CONITEC) j&aacute; realizou sua avalia&ccedil;&atilde;o para o tratamento pleiteado e emitiu parecer de n&atilde;o incorpora&ccedil;&atilde;o. Finalmente, o impacto or&ccedil;ament&aacute;rio da terapia pleiteada, mesmo em decis&atilde;o isolada, &eacute; elevado, com potencial de comprometimento de recursos p&uacute;blicos extra&iacute;dos da coletividade - recursos p&uacute;blicos que s&atilde;o escassos e que possuem destina&ccedil;&otilde;es or&ccedil;ament&aacute;rias com pouca margem de realoca&ccedil;&atilde;o, e cujo uso inadequado pode acarretar preju&iacute;zos a toda a popula&ccedil;&atilde;o assistida pelo SUS.</p>

<p style="text-align: justify;">Compreende-se o desejo do paciente e da equipe assistente de buscar tratamento para uma doen&ccedil;a rara e incapacitante como a neuromielite &oacute;ptica. No entanto, frente &agrave; estimativa de perfil de custo-efetividade desfavor&aacute;vel; ao alto impacto or&ccedil;ament&aacute;rio mesmo em decis&atilde;o isolada; e considerando o relat&oacute;rio da Comiss&atilde;o Nacional de Incorpora&ccedil;&atilde;o de Tecnologias no Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de com emiss&atilde;o de parecer desfavor&aacute;vel para sua incorpora&ccedil;&atilde;o, entendemos que se imp&otilde;e o presente parecer desfavor&aacute;vel.</p>

Há evidências científicas? *

Considera-se urgência as situações de ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita da assistência médica imediata (Resolução CFM 1451/95)

Justifica-se a alegação de urgência, conforme definição de Urgência e Emergência do CFM? *

Justificativa *

Referências bibliográficas *

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">1. Christopher C Glisson. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate. 2021. Neuromyelitis optica spectrum disorders. Dispon&iacute;vel em: https://www.uptodate.com/contents/neuromyelitis-optica-spectrum-disorders?search=neuromyelitis%20optica%20spectrum%20disorders&amp;source=search_result&amp;selectedTitle=1~40&amp;usage_type=default&amp;display_rank=1</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">2. Papp V, Magyari M, Aktas O, Berger T, Broadley SA, Cabre P, et al. Worldwide Incidence and Prevalence of Neuromyelitis Optica: A Systematic Review. Neurology. 2021;96(2):59&ndash;77.</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">3. Papais-Alvarenga RM, Carellos SC, Alvarenga MP, Holander C, Bichara RP, Thuler LCS. Clinical course of optic neuritis in patients with relapsing neuromyelitis optica. Arch Ophthalmol. 2008;126(1):12&ndash;6.</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">4. Sellner J, Boggild M, Clanet M, Hintzen R, Illes Z, Montalban X, et al. EFNS guidelines on diagnosis and management of neuromyelitis optica. Eur J Neurol. 2010;17(8):1019&ndash;32.</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">5. Contentti EC, Rojas JI, Cristiano E, Marques VD, Flores-Rivera J, Lana-Peixoto M, et al. Latin American consensus recommendations for management and treatment of neuromyelitis optica spectrum disorders in clinical practice. Mult Scler Relat Disord. 2020;102428.</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">6. Ciron J, Audoin B, Bourre B, Brassat D, Durand-Dubief F, Laplaud D, et al. Recommendations for the use of Rituximab in neuromyelitis optica spectrum disorders. Rev Neurol (Paris). 2018;174(4):255&ndash;64.</a></p>

<p style="text-align: justify;"><a href="https://www.zotero.org/google-docs/?U5Y4Vj">7. Tahara M, Oeda T, Okada K, Kiriyama T, Ochi K, Maruyama H, et al. Safety and efficacy of rituximab in neuromyelitis optica spectrum disorders (RIN-1 study): a multicentre, randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet Neurol. 2020;19(4):298&ndash;306.</a></p>

<p style="text-align: justify;">8. Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de (BR). Comiss&atilde;o Nacional de Incorpora&ccedil;&atilde;o de Tecnologias no Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de &ndash; Conitec. Relat&oacute;rio Preliminar: Satralizumabe para tratamento de dist&uacute;rbio do espectro da neuromielite &oacute;ptica (DENMO) em pacientes soropositivos para anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG) [Internet]. Bras&iacute;lia: Conitec; 2025 [citado em 2025 maio 8]. Dispon&iacute;vel em:<a href="https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2025/relatorio-preliminar-satralizumabe-cp-01-2025"> https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2025/relatorio-preliminar-satralizumabe-cp-01-2025</a></p>

<p style="text-align: justify;">9. Yamamura T, Kleiter I, Fujihara K, et al. Satralizumab add-on therapy for AQP4-IgG&ndash;seropositive neuromyelitis optica spectrum disorder: A randomized, double-blind, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet Neurol. 2019;18(9):804&ndash;813. doi:10.1016/S1474-4422(19)30212-4.</p>

<p style="text-align: justify;">10. Traboulsee A, Greenberg BM, Bennett JL, et al. Safety and efficacy of satralizumab monotherapy in neuromyelitis optica spectrum disorder: A randomized, double-blind, multicentre, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet Neurol. 2020;19(5):402&ndash;412. doi:10.1016/S1474-4422(20)30040-2.</p>

<p style="text-align: justify;">11. Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health. Satralizumab (Enspryng): For neuromyelitis optica spectrum disorder [Internet]. Ottawa: CADTH; 2021 Apr 21. (CADTH Common Drug Review &ndash; Reimbursement Recommendation). Available from: <a href="https://www.cadth.ca/satralizumab">https://www.cadth.ca/satralizumab</a></p>

<p style="text-align: justify;">12. National Institute for Health and Care Excellence. Satralizumab for preventing relapses in neuromyelitis optica spectrum disorder [Internet]. London: NICE; 2024 Mar. (ID3854 &ndash; Terminated appraisal). Available from: https://www.nice.org.uk/guidance/indevelopment/gid-ta10766</p>

NatJus Responsável *

Instituição Responsável *

Nota técnica elaborada com apoio de tutoria? *

Outras Informações *

<p style="text-align: justify;">Conforme consta em laudo m&eacute;dico, a parte autora apresenta diagn&oacute;stico de Neuromielite &Oacute;ptica (CID-10 G36), confirmado por exame positivo para anticorpo anti-aquaporina 4 (AQP4-IgG), realizado por m&eacute;todo CBA (ensaio baseado em c&eacute;lulas). Seu quadro cl&iacute;nico teve in&iacute;cio em 2019, com epis&oacute;dio compat&iacute;vel com surto de &aacute;rea postrema (solu&ccedil;os, n&aacute;useas e mal-estar gastrointestinal), que n&atilde;o foi devidamente investigado. Em 2021, apresentou novo epis&oacute;dio com dor, fraqueza e hemihipoestesia em membro inferior direito, mas recebeu diagn&oacute;stico incorreto de discopatia degenerativa e permaneceu sem tratamento adequado. Em junho de 2024, teve um terceiro surto de maior gravidade, com necessidade de interna&ccedil;&atilde;o e diagn&oacute;stico de mielite longitudinal extensa em regi&atilde;o cervical. Foi submetida &agrave; avalia&ccedil;&atilde;o liqu&oacute;rica e tratada com pulsoterapia com metilprednisolona, com resposta parcial. Atualmente, a paciente apresenta instabilidade de marcha e equil&iacute;brio, e est&aacute; sem uso de qualquer medica&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica. Neste contexto, pleiteia o medicamento satralizumabe.&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">A doen&ccedil;a do Espectro da Neuromielite &Oacute;ptica (NMO), anteriormente denominada de doen&ccedil;a de Devic, caracteriza-se pela inflama&ccedil;&atilde;o do sistema nervoso central que acarreta em desmieliniza&ccedil;&atilde;o imunomediada severa e, com isso, em dano neuronal <a href="https://www.zotero.org/google-docs/?nTatY1">(1)</a>. A inflama&ccedil;&atilde;o acomete predominantemente os nervos &oacute;pticos e os nervos da medula espinhal. Por esse motivo, suas principais manifesta&ccedil;&otilde;es cl&iacute;nicas s&atilde;o epis&oacute;dios agudos (ataques ou surtos) de neurite &oacute;ptica bilateral (ocasionando perda visual) ou de mielite transversa (caracterizada por fraqueza nos membros, perda sensorial e disfun&ccedil;&atilde;o da bexiga) que, em geral, repetem-se ao longo do tempo. Ademais, podem ocorrer epis&oacute;dios de n&aacute;useas intrat&aacute;veis, de v&ocirc;mitos, de solu&ccedil;os, de sonol&ecirc;ncia diurna excessiva, entre outros.</p>

<p style="text-align: justify;">Trata-se de uma doen&ccedil;a rara, cuja preval&ecirc;ncia varia entre 0,37 e 10 casos a cada 100.000 habitantes, com progn&oacute;stico reservado <a href="https://www.zotero.org/google-docs/?UgE2QV">(2)</a>. A hist&oacute;ria natural da NMO &eacute; de piora progressiva nos d&eacute;ficits visuais, motores, sensoriais e vesicais. Em geral, os epis&oacute;dios agudos pioram ao longo de dias. Eventualmente, tem-se al&iacute;vio das crises; contudo,&nbsp; restam sequelas que, com o curso da doen&ccedil;a, agravam-se. O n&uacute;mero de reca&iacute;das nos primeiros dois anos, a gravidade do primeiro epis&oacute;dio, idade avan&ccedil;ada no in&iacute;cio da doen&ccedil;a e associa&ccedil;&atilde;o com outras doen&ccedil;as autoimunes s&atilde;o preditores de pior progn&oacute;stico. Estudo de coorte brasileiro evidenciou que, depois de 30 anos de seguimento, 53,3% dos 60 pacientes apresentavam defici&ecirc;ncia visual bilateral <a href="https://www.zotero.org/google-docs/?VVCzO1">(3)</a>. A taxa de mortalidade foi de 23,3%, predominantemente associada &agrave; mielite cervical.</p>

<p style="text-align: justify;">O tratamento da NMO divide-se no tratamento dos epis&oacute;dios agudos e no tratamento de manuten&ccedil;&atilde;o <a href="https://www.zotero.org/google-docs/?z2mi29">(1)</a>. Conforme recomenda&ccedil;&otilde;es internacionais, todos os pacientes devem receber tratamento durante os epis&oacute;dios agudos <a href="https://www.zotero.org/google-docs/?CPDTIs">(4&ndash;7)</a>. Preconiza-se o uso de altas doses de corticoide sist&ecirc;mico. Caso n&atilde;o haja resposta satisfat&oacute;ria, pode-se tentar plasmaferese de resgate. Para a preven&ccedil;&atilde;o de novas crises (ou redu&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero de reca&iacute;das), recomendada a todos os pacientes com diagn&oacute;stico de NMO, faz-se uso cr&ocirc;nico de f&aacute;rmacos imunossupressores. Dentre eles, corticoide sist&ecirc;mico, azatioprina, micofenolato mofetila e terapia imunobiol&oacute;gica. A dura&ccedil;&atilde;o do tratamento de preven&ccedil;&atilde;o &eacute; controversa, variando com a gravidade da doen&ccedil;a.</p>

Anexos

Nota Técnica 367133

PDF Nota Técnica