Nota	Tecnologia	Conclusão	Status
395347	Medicamento - USTEQUINUMABE	Favorável	Finalizada em 27/08/2025 11:40:23	Ver Nota

Paciente

Idade

Sexo *

Masculino

Feminino

Cidade *

Dados do Advogado do Autor

Nome do Advogado

Número OAB

Autor está representado por

Dados do Processo

Esfera/Órgão *

Vara/Serventia *

NT 395347

Esta tecnologia já foi finalizada e não pode mais ser editada

Diagnóstico Principal

CID *

Diagnóstico *

Meio(s) confirmatório(s) do diagnóstico já realizado(s) *

Laudo médico

Descrição da Tecnologia

Tipo da Tecnologia *

Registro na ANVISA? *

Situação do registro *

Nome comercial

Princípio Ativo *

Descrição *

Via de administração *

Posologia *

ustequinumabe 130 mg ampola, 3 ampolas.
Semana 0: Aplicar 3 ampolas EV diluídas em 250 ml de soro fisiológico, correr em pelo menos 1 hora.
Ustequinumabe 90 mg ampola, contínuo - Aplicar 1 ampola via subcutânea na semana 8 após a aplicação da dose injetável anterior e posteriormente manutenção de 1 ampola SC a cada 8 semanas.

Uso contínuo?

Duração do tratamento

Unidade

Indicação em conformidade com a aprovada no registro? *

Previsto em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Min. da Saúde para a situação clínica do demandante? *

O medicamento está inserido no SUS? *

O medicamento está incluído em *

Oncológico? *

Outras Tecnologias Disponíveis

Tecnologia

Descrever as opções disponíveis no SUS e/ou Saúde Suplementar *

<p style="text-align: justify;">est&atilde;o efetivamente dispon&iacute;veis no SUS para tratamento de DC os medicamentos sulfassalazina, mesalazina, hidrocortisona, prednisona, metilprednisolona, metronidazol, ciprofloxacino, azatioprina, metotrexato, infliximabe, adalimumabe, certolizumabe pegol e alopurinol</p>

Existe Genérico? *

Existe Similar? *

Descrever as opções disponíveis de Genérico ou Similar *

Custo da Tecnologia

Tecnologia

Laboratório

Marca Comercial

Apresentação

Preço de Fábrica

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da Tecnologia - Tratamento Mensal

Tecnologia

Dose Diária Recomendada

Preço Máximo de Venda ao Governo

Preço Máximo ao Consumidor

Custo da tecnologia

Fonte do custo da tecnologia

Evidências e resultados esperados

Tecnologia

Evidências sobre a eficácia e segurança da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">O ustequinumabe &eacute; um anticorpo monoclonal humano que se liga e interfere nas citocinas pr&oacute;-inflamat&oacute;rias, interleucina 12 (IL-12) e 23 (IL-23). Os efeitos biol&oacute;gicos da IL-12 e IL-23 incluem ativa&ccedil;&atilde;o de c&eacute;lulas natural killer (NK), diferencia&ccedil;&atilde;o e ativa&ccedil;&atilde;o de linf&oacute;citos T CD4+. O ustequinumabe tamb&eacute;m interfere com a express&atilde;o da prote&iacute;na quimiot&aacute;tica-1 de mon&oacute;citos (MCP-1), fator de necrose tumoral alfa (TNF-&alpha;), prote&iacute;na-induz&iacute;vel por interferon-10 (IP-10) e interleucina-8 (IL-8). Dessa forma, o mecanismo de a&ccedil;&atilde;o deste f&aacute;rmaco difere daqueles chamados de anti-TNF, dispon&iacute;veis no SUS para o tratamento da DC (4).</p>

<p style="text-align: justify;">A efic&aacute;cia do ustequinumabe foi avaliada em dois ensaios cl&iacute;nicos de indu&ccedil;&atilde;o (UNITI-1 e UNITI-2) e 1 ensaio de manuten&ccedil;&atilde;o (IM-UNITI) que incluiu aqueles pacientes que tiveram uma resposta cl&iacute;nica ao tratamento em um dos dois ensaios de indu&ccedil;&atilde;o (2). No UNITI-1, os pacientes haviam recebido terapia com inibidores do TNF-alfa, mas n&atilde;o responderam, perderam a resposta ou foram intolerantes a ele (&#39;a popula&ccedil;&atilde;o com falha no inibidor do TNF-alfa&#39;). No UNITI-2, os pacientes tiveram tratamento n&atilde;o biol&oacute;gico convencional que falhou (&#39;a popula&ccedil;&atilde;o com falha no atendimento convencional&#39;).&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">No estudo UNITI-1 no qual foram inclu&iacute;dos 741 pacientes, randomizados para ustequinumabe 130 mg ou aproximadamente 6 mg por quilograma de peso corporal ou placebo. O desfecho prim&aacute;rio foi a resposta cl&iacute;nica na semana 6 (definida como uma diminui&ccedil;&atilde;o da linha de base na pontua&ccedil;&atilde;o do &Iacute;ndice de Atividade de Doen&ccedil;a de Crohn [CDAI] de &ge;100 pontos ou uma pontua&ccedil;&atilde;o do CDAI &lt;150). Este escore &eacute; uma medida dos par&acirc;metros cl&iacute;nicos, bioqu&iacute;micos e f&iacute;sicos da atividade da doen&ccedil;a. As taxas desse desfecho foram de 34,3%, 33,7% e 21,5%, respectivamente para 130 mg de ustequinumabe, 6 mg/kg de ustequinumabe e placebo (P&le;0,003 para ambas as compara&ccedil;&otilde;es com placebo). Considerando uma taxa m&eacute;dia de resposta de 34% vs. 21,5% do placebo, o n&uacute;mero de pacientes necess&aacute;rio para tratar (NNT) para obter uma resposta cl&iacute;nica foi de 8 pacientes. Os pacientes que responderam ao ustequinumabe foram ent&atilde;o inclu&iacute;dos no estudo de manuten&ccedil;&atilde;o, quando eram randomizados para receber 90 mg de ustequinumabe a cada 8 semanas ou a cada 12 semanas ou placebo. Ap&oacute;s 44 semanas, as taxas de resposta foram de 53,1% vs. 48,8% vs. 35,9%, respectivamente. Para estes dados o NNT (considerando uma taxa de resposta m&eacute;dia de 50% ao tratamento ativo) foi de aproximadamente 7. Este conjunto de estudos tem uma boa qualidade metodol&oacute;gica e apresenta baixo risco de vieses. Poder&iacute;amos destacar como potenciais vieses o fato de ter sido conduzido com verba da ind&uacute;stria farmac&ecirc;utica que produz e vende o medicamento em estudo e o fato de ter exclu&iacute;do os pacientes mais graves (com pontua&ccedil;&atilde;o no escore CDAI &gt; 450).</p>

<p style="text-align: justify;">Uma revis&atilde;o sistem&aacute;tica (RS) da literatura tamb&eacute;m avaliou o uso de um segundo agente biol&oacute;gico (incluindo o ustequinumabe) em pacientes que j&aacute; haviam feito uso pr&eacute;vio de terapia anti-TNF (5). Foram inclu&iacute;dos 8 ensaios cl&iacute;nicos randomizados (ECRs), totalizando 1.281 pacientes randomizados para tratamento ativo e 733 pacientes randomizados para placebo. Dois dos oito estudos foram feitos com ustequinumabe e os estudos citados acima n&atilde;o foram inclu&iacute;dos nesta revis&atilde;o sistem&aacute;tica. O uso de um segundo agente biol&oacute;gico foi superior ao placebo, tanto para remiss&atilde;o da doen&ccedil;a (taxa de remiss&atilde;o de 24 vs. 11% para tratamento ativo e placebo, respectivamente, P&lt;0,001), quanto para resposta ao tratamento (42% vs. 27%,&nbsp; P&lt;0,001). Foi realizada metan&aacute;lise em rede, para comparar os diferentes agentes biol&oacute;gicos utilizados nestes estudos (certolizumabe, adalimumabe, ustequinumabe, vedolizumabe, natalizumabe) e n&atilde;o foi observada diferen&ccedil;a entre eles. &Eacute; importante ressaltar que os estudos que avaliaram o certolizumabe e adalimumabe (dispon&iacute;veis no SUS) foram conduzidos em pacientes sem resposta ao tratamento desde o in&iacute;cio, ou seja, n&atilde;o respondedores prim&aacute;rios. Considera-se uma limita&ccedil;&atilde;o dessa an&aacute;lise, o fato de n&atilde;o ter sido inclu&iacute;do nenhum estudo com compara&ccedil;&atilde;o direta entre os agentes (somente contra placebo).</p>

<p style="text-align: justify;">Um outro estudo que avaliou o uso de ustequinumabe nesse contexto, foi uma RS de estudos de vida real (6). Foram inclu&iacute;dos 8 estudos, totalizando 578 pacientes. A maioria dos pacientes (97,7%) j&aacute; havia usado outro agente anti-TNF. As taxas de resposta cl&iacute;nica em 12, 24 e 52 semanas foram de 60, 62 e 49%, respectivamente. A taxa de remiss&atilde;o foi de 39% (IC95% 18-65%). Efeitos adversos severos ao tratamento ocorreram em 19 pacientes (5%, IC95% 3-8%).</p>

<p style="text-align: justify;">Em seu recente relat&oacute;rio (3), a CONITEC fez ampla revis&atilde;o da literatura. Foram inclu&iacute;dos 13 estudos, sendo 6 RS com metan&aacute;lise e 7 ECRs. Dentre os efeitos desej&aacute;veis, o ustequinumabe demonstrou superar o placebo para obten&ccedil;&atilde;o de resposta cl&iacute;nica e remiss&atilde;o cl&iacute;nica, em pacientes com DC ativa moderada a grave com indica&ccedil;&atilde;o de terapia biol&oacute;gica e falha ou intoler&acirc;ncia aos anti-TNF. Contudo, ustequinumabe n&atilde;o apresentou benef&iacute;cios adicionais quando comparado ao adalimumabe (ADA), infliximabe (IFX) e certolizumabe (CZP). Com rela&ccedil;&atilde;o ao perfil de seguran&ccedil;a, o ustequinumabe se assemelhou a todos os comparadores. Foi encontrado um estudo abordando a melhora na qualidade de vida de pacientes com DC ativa moderada a grave, em uso de ustequinumabe comparado ao placebo. Ainda, &eacute; importante destacar que n&atilde;o foram encontrados estudos que abordassem o uso de ustequinumabe para pacientes com DC ativa moderada a grave, com indica&ccedil;&atilde;o de terapia biol&oacute;gica e contraindica&ccedil;&atilde;o aos anti-TNF. Em geral, para todos os desfechos, a certeza da evid&ecirc;ncia foi considerada alta ao comparar ustequinumabe com placebo. J&aacute; para os anti-TNFs, a avalia&ccedil;&atilde;o da certeza geral da evid&ecirc;ncia, a partir das metan&aacute;lises em rede inclu&iacute;das, revela que os resultados obtidos para desfechos de efic&aacute;cia e seguran&ccedil;a foram considerados com n&iacute;vel de confian&ccedil;a moderado. Na an&aacute;lise do demandante externo, os 6 estudos de fase 3 inclu&iacute;dos sugerem que o ustequinumabe atende a uma necessidade m&eacute;dica atual n&atilde;o atendida, fornecendo uma op&ccedil;&atilde;o de tratamento adicional para pacientes com DC ativa moderada a grave, por meio de um novo mecanismo de a&ccedil;&atilde;o, que requer um esquema de dosagem minimamente invasivo e pode induzir e manter a resposta e remiss&atilde;o cl&iacute;nica e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do paciente.</p>

<p style="text-align: justify;">O uso de agentes anti-TNF, como adalimumabe, infliximabe e outros, para o manejo da doen&ccedil;a de Crohn moderada a grave, promove controle inflamat&oacute;rio e melhora significativa da qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a seguran&ccedil;a desses medicamentos em indiv&iacute;duos com hist&oacute;rico de neoplasias, especialmente doen&ccedil;as linfoproliferativas como o linfoma, permanece uma preocupa&ccedil;&atilde;o na pr&aacute;tica cl&iacute;nica. Embora dados provenientes de grandes estudos cl&iacute;nicos de registro n&atilde;o tenham demonstrado um aumento significativo no risco de desenvolvimento de neoplasias em pacientes expostos a anti-TNF, &eacute; importante ressaltar que tais estudos, de maneira geral, exclu&iacute;ram pacientes com hist&oacute;rico pr&eacute;vio de c&acirc;ncer, incluindo linfoma, limitando assim a extrapola&ccedil;&atilde;o desses resultados para esse subgrupo espec&iacute;fico (7,8). Em conson&acirc;ncia com essa cautela, o Protocolo Cl&iacute;nico e Diretrizes Terap&ecirc;uticas (PCDT) de Espondiloartrite do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de contraindica o uso de agentes anti-TNF em pacientes com doen&ccedil;as linfoproliferativas nos &uacute;ltimos cinco anos, refletindo a aus&ecirc;ncia de evid&ecirc;ncias de seguran&ccedil;a e o potencial risco te&oacute;rico de reativa&ccedil;&atilde;o ou recorr&ecirc;ncia tumoral. Portanto, diante de um paciente com doen&ccedil;a de Crohn e linfoma, a decis&atilde;o pelo uso de anti-TNF deve ser individualizada, considerando alternativas terap&ecirc;uticas com melhor perfil de seguran&ccedil;a oncol&oacute;gica (7-9)</p>

<p style="text-align: justify;">Custo:</p>

<table>
	<tbody>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Item</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Descri&ccedil;&atilde;o</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Quantidade</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Valor Unit&aacute;rio*</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Valor Anual</p>
			</td>
		</tr>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Ustequinumabe</p>

			<p style="text-align: justify;">(indu&ccedil;&atilde;o)</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">130 MG SOL INJ INFUS IV CT X 1 FA VD TRANS X 26 ML</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">3</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 38.997,77</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 116.993,31</p>
			</td>
		</tr>
		<tr>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">Ustequinumabe (manuten&ccedil;&atilde;o)</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">90 MG SOL INJ CT 1 SER PREENC VD TRANS DISP SEGURAN&Ccedil;A X 1 ML</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">6</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 20.699,39</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 124.196,34</p>
			</td>
		</tr>
		<tr>
			<td colspan="4">
			<p style="text-align: justify;">Valor total do tratamento (primeiro ano):</p>
			</td>
			<td>
			<p style="text-align: justify;">R$ 241.189,65</p>
			</td>
		</tr>
	</tbody>
</table>

<p style="text-align: justify;">* Valor unit&aacute;rio considerado a partir de consulta de pre&ccedil;o da tabela CMED. Pre&ccedil;o m&aacute;ximo de venda ao governo (PMVG) no Rio Grande do Sul (ICMS 17%). O PMVG &eacute; o resultado da aplica&ccedil;&atilde;o do Coeficiente de Adequa&ccedil;&atilde;o de Pre&ccedil;os (CAP) sobre o Pre&ccedil;o F&aacute;brica &ndash; PF, PMVG = PF*(1-CAP). O CAP, regulamentado pela Resolu&ccedil;&atilde;o n&ordm;. 3, de 2 de mar&ccedil;o de 2011, &eacute; um desconto m&iacute;nimo obrigat&oacute;rio a ser aplicado sempre que forem realizadas vendas de medicamentos constantes do rol anexo ao Comunicado n&ordm; 15, de 31 de agosto de 2017 - Vers&atilde;o Consolidada ou para atender ordem judicial. Conforme o Comunicado CMED n&ordm; 5, de 21 de dezembro de 2020, o CAP &eacute; de 21,53%. Alguns medicamentos possuem isen&ccedil;&atilde;o de ICMS para aquisi&ccedil;&atilde;o por &oacute;rg&atilde;os da Administra&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica Direta Federal, Estadual e Municipal, conforme Conv&ecirc;nio ICMS n&ordm; 87/02, sendo aplicado o benef&iacute;cio quando cab&iacute;vel.</p>

<p style="text-align: justify;">O ustequinumabe &eacute; comercializado nas formas farmac&ecirc;uticas de solu&ccedil;&atilde;o injet&aacute;vel para infus&atilde;o intravenosa em frascos de 130 mg e solu&ccedil;&atilde;o injet&aacute;vel subcut&acirc;nea de 45 e 90 mg. O tratamento que est&aacute; sendo pleiteado no processo inclui uma dose de indu&ccedil;&atilde;o e, posteriormente, um tratamento de manuten&ccedil;&atilde;o. A tabela acima foi elaborada com dados da tabela CMED de agosto de 2025 e demonstra o custo total no primeiro ano de tratamento da doen&ccedil;a.</p>

<p style="text-align: justify;">O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do sistema de sa&uacute;de brit&acirc;nico recomenda o uso de ustequinumabe como uma op&ccedil;&atilde;o para o tratamento da DC moderada a severamente ativa, em pacientes que tiveram uma resposta inadequada, perda de resposta ou foram intolerantes &agrave; terapia convencional ou a um inibidor de TNF alfa ou tenham contra-indica&ccedil;&otilde;es para tais terapias. O tratamento com este f&aacute;rmaco deve ser feito at&eacute; a falha do tratamento (incluindo a necessidade de cirurgia) ou at&eacute; 12 meses ap&oacute;s o in&iacute;cio do tratamento, o que for menor. Ap&oacute;s este per&iacute;odo, a resposta ao tratamento deve ser avaliada para decidir sobre a continuidade. Em rela&ccedil;&atilde;o a avalia&ccedil;&atilde;o de custo efetividade, o comit&ecirc; observou que o ustequinumabe dominou outros tratamentos biol&oacute;gicos (ou seja, custou menos e resultou em mais anos de vida ajustados &agrave; qualidade [QALYs]), tanto na popula&ccedil;&atilde;o com falha ao tratamento convencional quanto naqueles que falharam ao tratamento com anti TNF alfa (10).</p>

<p style="text-align: justify;">Em janeiro de 2024, a Portaria SECTICS/MS n&ordm;1, torna p&uacute;blica a decis&atilde;o de incorporar, no &acirc;mbito do SUS, o ustequinumabe para o tratamento de pacientes com DC ativa moderada a grave (3), em concord&acirc;ncia &agrave; delibera&ccedil;&atilde;o un&acirc;nime e favor&aacute;vel emitida pela CONITEC. Entretanto, esta decis&atilde;o foi condicionada &agrave; doa&ccedil;&atilde;o de doses de indu&ccedil;&atilde;o, com potencial revis&atilde;o da proposta comercial junto &agrave; empresa, caso n&atilde;o seja poss&iacute;vel a efetiva&ccedil;&atilde;o da incorpora&ccedil;&atilde;o aprovada. Al&eacute;m disso, foi proposto pelo fabricante redu&ccedil;&atilde;o no custo da ampola de 45mg, que levaria a uma consequente redu&ccedil;&atilde;o no custo de tratamento inicialmente apresentado (de R$ 3.208,84 para R$ 3.054,84). Assim, uma nova an&aacute;lise econ&ocirc;mica foi realizada, considerando um cen&aacute;rio com redu&ccedil;&atilde;o de custo do tratamento de manuten&ccedil;&atilde;o (an&aacute;lise 1) e outro, mais econ&ocirc;mico, com redu&ccedil;&atilde;o de custo do tratamento de manuten&ccedil;&atilde;o, associado ao custo de indu&ccedil;&atilde;o fornecido pela ind&uacute;stria (an&aacute;lise 2), comparados ao cen&aacute;rio preliminar, livre de qualquer acordo comercial. Em ambas an&aacute;lises foi demonstrou redu&ccedil;&atilde;o na raz&atilde;o custo-efetividade incremental (RCEI) por QALY ganho e por remiss&atilde;o cl&iacute;nica, assim como no impacto or&ccedil;ament&aacute;rio de 4,5% e 12,6% (an&aacute;lise 1 e 2, respectivamente), ao comparar ustequinumabe versus a terapia padr&atilde;o para indiv&iacute;duos com DC ativa moderada a grave, com indica&ccedil;&atilde;o de terapia biol&oacute;gica e contraindica&ccedil;&atilde;o aos anti-TNF. Quando o ustequinumabe foi comparado aos anti-TNFs (ADA, CZP e IFX), observou-se novamente redu&ccedil;&atilde;o do RCEI por QALY ganho e remiss&atilde;o cl&iacute;nica evitada e impacto or&ccedil;ament&aacute;rio reduzido de 7,0% e 19,7% nas an&aacute;lises 1 e 2, respectivamente. Dessa forma, os par&acirc;metros de custo-efetividade ficaram dentro do limiar da CONITEC (R$ 120 mil) previsto para o ano de 2022, ano base para o c&aacute;lculo desta an&aacute;lise econ&ocirc;mica.&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">Cabe informar que, com a recomenda&ccedil;&atilde;o CONITEC favor&aacute;vel &agrave; incorpora&ccedil;&atilde;o do ustequinumabe para tratamento da Doen&ccedil;a de Crohn, e subsequente publica&ccedil;&atilde;o de portaria ministerial celebrando a incorpora&ccedil;&atilde;o, o passo seguinte foi a pactua&ccedil;&atilde;o do financiamento da tecnologia em reuni&atilde;o da Comiss&atilde;o Intergestores Tripartite (CIT), realizada em 21 de mar&ccedil;o de 2024. Na ocasi&atilde;o foi pactuada a incorpora&ccedil;&atilde;o da tecnologia pleiteada ao grupo 1A do Componente Especializado da Assist&ecirc;ncia Farmac&ecirc;utica (CEAF), o que significa que a responsabilidade pelo financiamento e compra &eacute; da Uni&atilde;o, enquanto a responsabilidade pela dispensa&ccedil;&atilde;o &eacute; das Secretarias Estaduais de Sa&uacute;de. Na mesma reuni&atilde;o foi informado que a negocia&ccedil;&atilde;o de pre&ccedil;o entre o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de com a fabricante do ustequinumabe representa uma redu&ccedil;&atilde;o de 76% no Pre&ccedil;o M&aacute;ximo de Venda ao Governo (PMVG) em rela&ccedil;&atilde;o ao pre&ccedil;o que &eacute; pago pelo mesmo produto para cumprimento de a&ccedil;&otilde;es judiciais. Tal fato refor&ccedil;a a premissa de que a incorpora&ccedil;&atilde;o de medicamentos ao SUS se caracteriza, tamb&eacute;m, como uma importante ferramenta de economia.</p>

Benefício/efeito/resultado esperado da tecnologia *

<p style="text-align: justify;">Benef&iacute;cio/efeito/resultado esperado da tecnologia: indu&ccedil;&atilde;o e manuten&ccedil;&atilde;o da resposta;&nbsp; remiss&atilde;o cl&iacute;nica da doen&ccedil;a e melhora dos sintomas, com graus de resposta semelhante a outros imunobiol&oacute;gicos.</p>

Recomendações da CONITEC para a situação clínica do demandante *

Conclusão

Tecnologia

Conclusão Justificada *

Conclusão *

<p style="text-align: justify;">H&aacute; evid&ecirc;ncia cient&iacute;fica de boa qualidade indicando que o tratamento com ustequinumabe pode resultar em benef&iacute;cio cl&iacute;nico, em pacientes com doen&ccedil;a de Crohn ativa moderada a grave e indica&ccedil;&atilde;o de terapia biol&oacute;gica, que apresentaram contraindica&ccedil;&atilde;o ao uso de agentes biol&oacute;gicos anti-TNF, como no caso em tela. Da mesma forma, no relat&oacute;rio de recomenda&ccedil;&atilde;o &agrave; incorpora&ccedil;&atilde;o, emitido pela CONITEC, foi reconhecida a superioridade desta tecnologia em rela&ccedil;&atilde;o ao placebo e o benef&iacute;cio semelhante aos anti-TNF, podendo ser uma alternativa nos pacientes com contraindica&ccedil;&atilde;o ou falha &agrave; esta classe. Al&eacute;m disso, a avalia&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica da tecnologia no cen&aacute;rio nacional, demonstrou perfil de custo-efetividade favor&aacute;vel quando acordo comercial e compra centralizada pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, levando &agrave; decis&atilde;o de incorpora&ccedil;&atilde;o para Doen&ccedil;a de Crohn.</p>

<p style="text-align: justify;">Por fim, considerando que esta tecnologia encontra-se em processo de incorpora&ccedil;&atilde;o no sistema p&uacute;blico de sa&uacute;de para esta doen&ccedil;a para pacientes com contraindica&ccedil;&atilde;o ao uso de anti-TNF, que a parte apresenta um hist&oacute;rico de sa&uacute;de que, apesar de n&atilde;o ser uma contraindica&ccedil;&atilde;o absoluta, confere uma preocupa&ccedil;&atilde;o sobre o risco de recidiva de neoplasias linfoproliferativas e, assim, foi considerado contraindicado pelo m&eacute;dico na contextualiza&ccedil;&atilde;o do paciente por risco de associa&ccedil;&atilde;o com recidiva da doen&ccedil;a oncol&oacute;gica, justifica-se o parecer favor&aacute;vel descrito nesta nota t&eacute;cnica.</p>

Há evidências científicas? *

Considera-se urgência as situações de ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita da assistência médica imediata (Resolução CFM 1451/95)

Justifica-se a alegação de urgência, conforme definição de Urgência e Emergência do CFM? *

Justificativa *

Referências bibliográficas *

<p style="text-align: justify;">1 - Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Protocolo Cl&iacute;nico e Diretrizes Terap&ecirc;uticas da Doen&ccedil;a de Crohn. Dispon&iacute;vel em: <a href="https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/portaria_conjunta_14_pcdt_doenca_de_crohn_28_11_2017-1.pdf">https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/portaria_conjunta_14_pcdt_doenca_de_crohn_28_11_2017-1.pdf</a>&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">2 - Feagan BG, Sandborn WJ, Gasink C, Jacobstein D, Lang Y, Friedman JR, Blank MA, Johanns J, Gao LL, Miao Y, Adedokun OJ, Sands BE, Hanauer SB, Vermeire S, Targan S, Ghosh S, de Villiers WJ, Colombel JF, Tulassay Z, Seidler U, Salzberg BA, Desreumaux P, Lee SD, Loftus EV Jr, Dieleman LA, Katz S, Rutgeerts P; UNITI&ndash;IM-UNITI Study Group. Ustekinumab as Induction and Maintenance Therapy for Crohn&#39;s Disease. N Engl J Med. 2016 Nov 17;375(20):1946-1960.</p>

<p style="text-align: justify;">3 - CONITEC. Ustequinumabe para tratamento de pacientes com Doen&ccedil;a de Crohn ativa moderada a grave. Relat&oacute;rio de Recomenda&ccedil;&atilde;o n&deg; 864. 2023. Dispon&iacute;vel em: <a href="https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2024/20240123_relatorio_864_ustequinumabe.pdf">https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2024/20240123_relatorio_864_ustequinumabe.pdf</a>&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">4 - Hashash J, Regueiro M. Overview of medical management of high-risk, adult patients with moderate to severe Crohn disease. UpToDate. 2023. Dispon&iacute;vel em &lt;<a href="https://www.uptodate.com/contents/overview-of-medical-management-of-high-risk-adult-patients-with-moderate-to-severe-crohn-disease?search=ustekinumab&amp;source=search_result&amp;selectedTitle=3~78&amp;usage_type=default&amp;display_rank=2#H2120023105">https://www.uptodate.com/contents/overview-of-medical-management-of-high-risk-adult-patients-with-moderate-to-severe-crohn-disease?search=ustekinumab&amp;source=search_result&amp;selectedTitle=3~78&amp;usage_type=default&amp;display_rank=2#H2120023105</a>&gt;</p>

<p style="text-align: justify;">5 - Pagnini C, Siakavellas SI, Bamias G. Systematic Review with Network Meta-Analysis: Efficacy of Induction Therapy with a Second Biological Agent in Anti-TNF-Experienced Crohn&#39;s Disease Patients. Gastroenterol Res Pract. 2018 Jul 17;2018:6317057.</p>

<p style="text-align: justify;">6 - Engel T, Yung DE, Ma C, Pariente B, WIls P, Eliakim R, Ungar B, Ben-Horin S, Kopylov U. Effectiveness and safety of Ustekinumab for Crohn&#39;s disease; systematic review and pooled analysis of real-world evidence. Dig Liver Dis. 2019 Sep;51(9):1232-1240. doi: 10.1016/j.dld.2019.05.002. Epub 2019 Jun 13. PMID: 31202609.</p>

<p style="text-align: justify;">7- Lichtenstein GR, Loftus EV, Afzali A, et al. ACG clinical guideline: management of Crohn&#39;s disease in adults. Am J Gastroenterol. 2025;120(6):1225-64. doi:10.14309/ajg.0000000000003465.</p>

<p style="text-align: justify;">8- Waljee AK, Higgins PDR, Jensen CB, et al. Anti-tumour necrosis factor-&alpha; therapy and recurrent or new primary cancers in patients with inflammatory bowel disease, rheumatoid arthritis, or psoriasis and previous cancer in Denmark: a nationwide, population-based cohort study. Lancet Gastroenterol Hepatol. 2020;5(3):276-84. doi:10.1016/S2468-1253(19)30362-0.</p>

<p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>

<p style="text-align: justify;">9 - Raaschou P, S&ouml;derling J, Turesson C, Askling J. Tumor necrosis factor inhibitors and cancer recurrence in Swedish patients with rheumatoid arthritis: a nationwide population-based cohort study. Ann Intern Med. 2018;169(5):291-9. doi:10.7326/M17-2812.</p>

<p style="text-align: justify;">10 - National Institute for Health and Care Excellence. Ustekinumab for moderately to severely active Crohn&rsquo;s disease after previous treatment. Technology appraisal guidance [TA456]. Published date: 12 July 2017. Dispon&iacute;vel em<a href="https://www.nice.org.uk/guidance/ta456"> https://www.nice.org.uk/guidance/ta456</a></p>

NatJus Responsável *

Instituição Responsável *

Nota técnica elaborada com apoio de tutoria? *

Outras Informações *

<p style="text-align: justify;">O autor do processo apresenta hist&oacute;rico cl&iacute;nico de Doen&ccedil;a de Crohn (CID 10 K50.0), com diagn&oacute;stico confirmado aos 72 anos (2019) (Evento 1, ATESTMED4, P&aacute;gina 3). O laudo m&eacute;dico menciona que o paciente apresenta colite grave, f&iacute;stulas ent&eacute;ricas, epis&oacute;dios di&aacute;rios de diarreia, desnutri&ccedil;&atilde;o, anemia, al&eacute;m de risco elevado para forma&ccedil;&atilde;o de abscessos, sepse e &oacute;bito (Evento 1, ATESTMED4, P&aacute;gina 1-5). Endoscopia digestiva alta e anatomopatol&oacute;gico datados de maio de 2025 demonstram que atividade acentuada da doen&ccedil;a (SES-CD: 24), &aacute;rea de estreitamento em c&oacute;lon descendente e sigm&oacute;ide, sugestivo de f&iacute;stulas, bem como presen&ccedil;a de &oacute;stios verticulares (Evento 1, EXMMED7, P&aacute;gina 1-3). O paciente j&aacute; realizou uso pr&eacute;vio de azatioprina e terapia anti-TNF com adalimumabe, por&eacute;m, ap&oacute;s diagn&oacute;stico de linfoma (2022), passou a apresentar contraindica&ccedil;&atilde;o para continuidade desta classe terap&ecirc;utica, devido ao risco de recidiva, segundo laudo m&eacute;dico (Evento 1, ATESTMED4, P&aacute;gina 1-5). Diante do quadro, o autor pleiteia ustequinumabe diante do quadro de refratariedade e contraindica&ccedil;&atilde;o de uso de outros imunobiol&oacute;gicos.</p>

<p style="text-align: justify;">A doen&ccedil;a de Crohn (DC) &eacute; uma enfermidade cr&ocirc;nica do trato digestivo, de origem auto-imune, podendo acometer qualquer por&ccedil;&atilde;o da boca ao &acirc;nus, localizando-se principalmente no &iacute;leo (por&ccedil;&atilde;o final do intestino delgado) e no c&oacute;lon. A hist&oacute;ria natural da doen&ccedil;a &eacute; de altern&acirc;ncia entre per&iacute;odos de atividade e per&iacute;odos de remiss&atilde;o (1,2). O curso e a gravidade da doen&ccedil;a s&atilde;o vari&aacute;veis entre os seus portadores: em uma extremidade, est&aacute; a doen&ccedil;a leve, sem f&iacute;stulas ou estenoses, com exacerba&ccedil;&otilde;es infrequentes e bom controle de doen&ccedil;a com uso de medicamentos que modulam levemente a resposta inflamat&oacute;ria; no outro lado est&aacute; a doen&ccedil;a grave, com exacerba&ccedil;&otilde;es frequentes, podendo cursar com f&iacute;stulas ou estenoses (estreitamentos) intestinais, diarr&eacute;ia de dif&iacute;cil controle, m&aacute; absor&ccedil;&atilde;o de nutrientes, interna&ccedil;&otilde;es e risco aumentado de &oacute;bito, havendo necessidade de tratamento com imunossupressores de alta pot&ecirc;ncia (2).</p>

<p style="text-align: justify;">O tratamento divide-se nas fases de indu&ccedil;&atilde;o de remiss&atilde;o (isto &eacute;, aquisi&ccedil;&atilde;o de controle de doen&ccedil;a em pacientes que est&atilde;o com exacerba&ccedil;&atilde;o de sintomas) e manuten&ccedil;&atilde;o de remiss&atilde;o (isto &eacute;, manter a doen&ccedil;a controlada naqueles que j&aacute; adquiriram remiss&atilde;o). Nos casos graves, a indu&ccedil;&atilde;o pode ser feita com cortic&oacute;ides (p. ex: prednisona, hidrocortisona) ou imunobiol&oacute;gicos, isolados ou em combina&ccedil;&atilde;o com imunomoduladores (azatioprina ou metotrexato) (1,2). Nas formas graves &eacute; bem estabelecida a indica&ccedil;&atilde;o de imunobiol&oacute;gicos, que s&atilde;o anticorpos monoclonais com a&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica contra um determinado alvo do corpo (por exemplo, uma prote&iacute;na que participa da rea&ccedil;&atilde;o inflamat&oacute;ria auto-imune) (1,2). Os alvos dos imunobiol&oacute;gicos de primeira linha s&atilde;o os fatores de necrose tumoral (TNF, na sigla em ingl&ecirc;s), chamados de anti-TNF. Os representantes dessa classe s&atilde;o infliximabe, adalimumabe e certolizumabe pegol. H&aacute; outros alvos na doen&ccedil;a de Crohn, que s&atilde;o abordados pelos imunobiol&oacute;gicos anti-interleucinas 12-23, a exemplo do ustequinumabe (1,2).</p>

Anexos

Nota Técnica 395347

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